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Elodie Bouny abre a nova temporada de entrevistas do Academia e Violão

Postado em Lives de Violão em 14/06/2021

(Elodie Bouny)

Por Inês Loureiro

(Especial para o Acervo Violão Brasileiro)

A quarta temporada da série Academia e Violão começa nesta terça-feira (15), às 20h e Elodie Bouny é quem marca essa estreia. A tese O Desafio de compor para violão e orquestra e a dissertação Violonista de formação e violonista de formação popular: investigando diferenças na educação musical – ambas defendidas pela violonista e compositora francesa – serão os temas da noite. Transmitido pelo canal da série no Youtube, o programa é apresentado pelos professores e violonistas Cleyton Fernandes, Gilson Antunes e Sidney Molina, que também assinam a idealização e a produção.

No resumo de sua tese, Elodie destaca que, por suas próprias características, o violão é um instrumento que dificilmente se sobressai diante de uma orquestra, embora haja uma ampla produção do gênero. Então quais estratégias de escrita que valorizam o timbre do violão solista junto à orquestra? E como superar o desafio de compor para violão e orquestra?

A escolha das texturas orquestrais, segundo Elodie, é primordial para superar o desafio, assim como um conhecimento técnico de diversas áreas, desde a escrita para orquestra até a amplificação do instrumento. E a partir dos resultados recolhidos e analisados, Elodie compôs a obra Nodus, que é parte integrante da tese.

Próximos entrevistados

(Fabio Zanon)

Nas terças-feiras seguintes vão ser entrevistados Orlando Fraga (22/06), Eddy Lincoln (29/06) e Fabio Zanon (06/07). Fraga é um daqueles pesquisadores voltados para a análise do contexto em que se dão os estudos sobre violão na universidade brasileira; aqui, ele se debruça sobre os diversos tipos de produção gerados ao longo de uma trajetória acadêmica.

É também neste setor que se inserem as pesquisas do terceiro entrevistado, Eddy Lincoln, que abordam o ensino superior de violão no estado do Ceará. Fechando este ciclo de entrevistas, temos Fabio Zanon falando da importância dos “Estudos” de Villa-Lobos para o repertório violonístico do século XX.

Para as próximas temporadas, está prevista a inclusão de convidados estrangeiros, o que ajudará a esclarecer como funciona este tipo de pesquisa em universidades fora do Brasil. Para Sidney Molina, no exterior, por exemplo, há programas que oferecem outras opções para a obtenção da titulação que não a defesa de tese (como nos casos de Fraga e de Zanon). Alguns nomes já estão sendo aventados, mas é preferível evitar os spoilers.

Início do projeto

(Sidney Molina)

Os episódios começaram a ser veiculados no segundo semestre de 2020, sempre às 20h das terças-feiras. Até o momento, compareceram como convidados, pela ordem: Sidney Molina, Gilson Antunes, Humberto Amorim e Luciano Morais; Daniel Wolff, Cleyton Fernandes, João Luiz e Cristina Tourinho; Teresinha Prada, Edelton Gloeden, Carlos Chaves e Nicolas Souza Barros.

Cada temporada é formada por blocos de quatro pesquisadores entrevistados. O planejamento cuidadoso leva em conta a variação temática, as universidades onde foram realizados os trabalhos e a participação de violonistas mulheres. É como se fosse uma composição musical que, em passos regulares, vai formando um todo coeso, na visão de Gilson Antunes e Molina. O objetivo é construir gradativamente um repositório para consultas – um painel para futuras pesquisas, constituído pelas próprias pesquisas já empreendidas.

No canal do Youtube Academia e Violão pode-se ter acesso integral e gratuito aos 12 programas já exibidos. Em cada um deles, após ser brevemente apresentado ao público, o convidado expõe o teor de suas investigações e responde às perguntas formuladas pelo trio de entrevistadores.

(Gilson Antunes)

A conversa gira em torno do surgimento da questão, dos recortes sucessivos, dos (des)caminhos metodológicos, dos entraves e achados surpreendentes que resultaram em dissertações ou teses de alta qualidade. São exemplos da enorme produção que vem sendo desenvolvida em Universidades brasileiras e internacionais, nos Programas de Pós-Graduação (PPGs) de Música, mas também de outras áreas, como Filosofia, Comunicação, Educação e Semiótica.

Nada que diga respeito ao universo do violão fica de fora do amplo espectro dos temas explorados: aspectos históricos, musicológicos ou pedagógicos, compositores e virtuoses do instrumento, peculiaridades do repertório violonístico, o violão em diferentes formações ou estilos musicais, e assim por diante.

É por isso que qualquer apreciador de violão haverá de encontrar, no conjunto dessas entrevistas, algo de seu agrado e interesse, pois a diversidade de assuntos atende a todos os perfis. Alguns exemplos: o alaúde de Bach, o acompanhamento de choro; problemas de didática, desafios técnicos; o mundo das transcrições, performance e filosofia; Julian Bream e Segovia, Villa Lobos e Brouwer, Camargo Guarnieri e Francisco Mignone, além, claro, dos trabalhos que enfocam a própria inserção do violão nas universidades e pós-graduações brasileiras. Como se vê, há de tudo e para todos os gostos.

(Cleyton Fernandes)

Não por acaso este projeto foi criado por três expoentes do violão brasileiro – Sidney Molina, Gilson Antunes e Cleyton Fernandes. Além de instrumentistas consagrados, eles também se destacam no âmbito universitário, onde construíram sólidas carreiras como docentes e pesquisadores de pós-graduação. Cleyton é professor na Universidade do Cariri, em Juazeiro do Norte (CE), enquanto Gilson ensina na Universidade de Campinas e Sidney é professor da Faculdade Santa Marcelina e do FMU/FIAM-FAAM, em São Paulo, e da Fundação Carlos Gomes, em Belém.

O intuito do projeto é divulgar e debater os trabalhos acadêmicos que têm o violão como objeto de estudo. A ideia é convidar pesquisadores para falar de suas dissertações e teses, compartilhando com o público a experiência de sua escrita e produção. A apresentação de tantas e bem-sucedidas trajetórias visa a estimular o interesse pela pesquisa, bem como familiarizar o público com a diversidade de objetos, métodos e referências bibliográficas que circulam no campo dos estudos violonísticos.   

De acordo com Cleyton Fernandes, o Academia e Violão tem um aspecto particular de aproximar os trabalhos nas universidade ao grande público, transpondo, de certa forma, os muros da academia (que em geral são muito fechados) e trazendo para o público geral o que há de pesquisas em ponta e já são consagradas, oferecendo à sociedade acesso a informações relevantes do ponto de vista científico.

Em suma, Academia e Violão nos permite testemunhar o verdadeiro show que os violonistas estão dando também no campo da pesquisa universitária, no qual têm mostrado a mesma excelência que exibem nos palcos e gravações. Bom de tocar e de ouvir, o violão também se revela bom de pensar e de ler. Longa vida ao Dr. Violão!    

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