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Heitor Villa-Lobos

Nascimento: 05/03/1887

Falecimento: 17/11/1959

Natural de: Rio de Janeiro (RJ)

Villa-Lobos é unanimemente considerado uma glória para o violão mundial. Não sendo apenas um dos compositores mais interpretados por violonistas em todo o mundo, suas obras apresentam também recursos técnicos e interpretativos praticamente obrigatórios para o desenvolvimento musical do instrumento e estão entre as maiores músicas para violão de todos os tempos.
Heitor Villa-Lobos

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Discografia

Bibliografia

Por GILSON ANTUNES

Heitor Villa-Lobos é unanimemente considerado uma glória para o violão mundial. Não sendo apenas um dos compositores mais interpretados por violonistas em todo o mundo, suas obras apresentam também recursos técnicos e interpretativos praticamente obrigatórios para o desenvolvimento musical do instrumento e estão entre as maiores músicas para violão de todos os tempos.

Nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de março de 1887. Incentivado pelo pai – funcionário da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – Villa-Lobos iniciou seus estudos musicais adaptando uma viola para ser tocada como violoncelo. Aos 12 anos, já se apresentava em cafés e bailes como violoncelista, e, ao mesmo tempo, já entrava em contato com músicos populares, especialmente os chorões. Vem daí seu primeiro envolvimento também com o violão.

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Em 1913, casou-se com a pianista Lucília Guimarães, cuja família guardou algumas de suas partituras originais, como uma versão dos 12 Estudos para violão. Em 1922, esteve em São Paulo, onde participou da Semana de Arte Moderna. No ano seguinte esteve pela primeira vez na Europa, retornando mais uma vez ao continente europeu nessa mesma década, e se estabelece no Brasil definitivamente em 1930, quando se separou da primeira esposa. Na Europa manteve contato com o violonista espanhol Andrés Segovia e com outros importantes compositores e intérpretes como Miguel Llobet e Sainz de La Maza.

Após o primeiro casamento, envolveu-se com Arminda Villa-Lobos, a Mindinha, que faria um grande trabalho de divulgação de sua obra após a morte do compositor. Casaram-se em 1948 e nunca tiveram filhos.

O envolvimento com o violão começou desde o início de sua carreira de compositor: a primeira obra catalogada foi justamente a Panqueca, de 1900, para violão solo, obra da qual não se sabe o paradeiro. Além desta, várias outras obras para o instrumento, especialmente as do início do século 20, estão infelizmente extraviadas, entre as quais Mazurca em Maior (1901), Mazurca (1908/1911), Fantasia (1909), Oito Dobrados (1909/1912), Dobrado Pitoresco (1910), Canção Brasileira (1910), Quadrilha (1910), Tarantela (1910), Valsa Sentimental (1936) e o misterioso Prelúdio n.6 – que muitos acreditam não existir, sendo apenas uma lenda propagada pelo próprio compositor.

Suíte popular

As primeiras obras de Villa-Lobos para violão solo que constam no repertório dos violonistas são pequenas peças que foram incluídas para edição na década de 1950: a Suíte Popular Brasileira. As quatro primeiras músicas (Mazurca-choro, Schottisch-choro, Valsa-Choro e Gavota-Choro) foram compostas em forma embrionária provavelmente entre 1906 e 1912, e a última – Chorinho – em 1923. Inicialmente, a Valsa-Choro não constava na primeira compilação da Suíte em 1928, e sim a Valse-Choro, mas esta acabou ficando de fora da edição oficial. 

As obras que compõem a Suíte Popular Brasileira foram aprimoradas para a edição, o que então se pode considerar como período de composição, entre 1908 e 1953. Antes dessas obras, Villa-Lobos já havia composto a Valsa de Concerto nº 2, em 1904, obra que se encontrava perdida e que foi encontrada num sebo em São Paulo em 1995, mas que ainda não faz parte do repertório geral do compositor como as outras obras editadas em 1955. O mesmo se pode dizer da já citada Valse-Choro, descoberta pelo violonista Fréderic Zigante nos arquivos da Editora Max-Eschig, em 2005.

Choros

Em 1920, Villa-Lobos compõe sua primeira obra-prima incontestável para violão, o Choros nº 1 (dedicado a Ernesto Nazareth), que inauguraria a série fabulosa na qual o ritmo e as características do choro são trabalhados de forma bastante criativa pelo compositor. Muitos consideram que a série de 14 Choros (acrescida de uma introdução e um Choro Bis), o Magnum Opus Musical, e o Choros 1  –– funciona como um belo prelúdio para o restante da hercúlea obra do autor.

Toda a década de 1920 mostraria a força e a vitalidade artística de Villa-Lobos, não apenas para o Brasil, mas para todo o mundo, fazendo o compositor dialogar de igual para igual com os grandes mestres da música clássica contemporânea. O Choros nº 1 – estreado pelo violonista espanhol Regino Sainz de La Maza em 1928 - foi também sua primeira obra para violão a ser publicada, recebendo novas edições entre as décadas de 1920 e 1960.

12 Estudos

Em duas passagens por Paris, entre 1923-1925 e 1927-1930, Villa-Lobos compôs sua principal obra para violão solo: a série de 12 Estudos para Violão. Para muitos é a maior obra para violão do século 20,  e, também,  uma das maiores já escritas para o instrumento em qualquer época. Pode ser dividida em duas partes distintas. A primeira delas compreende do Estudo 1 ao Estudo 6 – trabalhando características específicas da técnica do violão como arpejos, ligados, acordes repetidos e legato. A segunda parte, que vai do Estudo 7 ao Estudo 12, trata essas características técnicas de forma mesclada com questões musicais. Os três últimos Estudos revelam sonoridades viscerais até então pouco exploradas no violão. A série foi impressa pela Editora Max Eschig em 1953 e é dedicada a Andrés Segovia.

Prelúdios

O compositor voltou a produzir uma série de composições para violão apenas em 1940, quando compõe Cinco Prelúdios, dedicada à  companheira  Arminda Villa-Lobos. Publicadas novamente pela Editora Max Eschig em 1954, as peças marcam um ponto de equilíbrio entre as peças iniciais mais simples para violão (como as que compõem a Suíte Popular Brasileira) e as obras revolucionárias dos 12 Estudos. Cada um dos Prelúdios homenageia algum aspecto da cultura brasileira: o Prelúdio nº 1 é uma ode ao sertanejo brasileiro; o Prelúdio 2, ao capadócio o terceiro, a  Bach; o quarto, ao  índio brasileiro; e, por fim, o quinto, à vida social carioca. Esses prelúdios fazem também parte do repertório geral dos violonistas, sendo constantemente apresentados em público.

Concerto e outras peças

Villa-Lobos compôs também: 1) um importante Concerto para Violão e Pequena Orquestra em 1951, obra que foi estreada por Andrés Segovia – a quem o concerto é dedicado; 2) Introdução aos Choros, em 1929, em que o violão tem papel importante na música; 3) várias obras camerísticas, com violão desde a década de 1910, entre elas o Sexteto Místico (cujo primeiro esboço data de 1917, possuindo outro manuscrito incompleto de 1921) para flauta, oboé, sax alto, harpa, celesta e violão; 4) Modinha (1925/1926), original para canto e piano, com transcrição para canto e violão do compositor, a pedido de Olga Praguer Coelho; 5) Distribuição de Flores (1932), para flauta e violão; 6) Ária das Bachianas Brasileiras n.5 (1938), original para canto e conjunto de violoncelos, com transcrição para voz e violão do compositor, também a pedido de Olga Praguer Coelho; 7) Canção do Poeta do Século XVIII (1953) transcrita para canto e violão pelo compositor, sendo original para canto e piano; 8) Canção do Amor (1958), transcrição do compositor para canto e violão, sendo original para canto e orquestra; 9) Veleiros (1958), original para canto e orquestra, com transcrição do compositor para canto e violão.

Villa-Lobos fundou a Academia Brasileira de Música no Rio de Janeiro, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova York, foi tema de alguns filmes, dá nome a parques, praças, teatros e ruas em todo o Brasil, e é considerado o maior compositor clássico da história da música brasileira. Nenhum compositor para violão foi tema de tantos trabalhos de pós-graduação no Brasil e no exterior, e sua obra para o instrumento já foi gravada inúmeras vezes por violonistas dos quatro cantos do planeta.

Morreu no Rio de Janeiro em 17 de novembro de 1959 e, no ano seguinte, o governo brasileiro criou o Museu Villa-Lobos, que cuida da manutenção e da divulgação de obras do compositor.

Link: www.museuvillalobos.org.br

Discografia Selecionada:

- Villa Violão – Heitor Villa-Lobos, Obra Completa para Violão Solo (Turíbio Santos) – Kuarup Discos, 1987.

- Heitor Villa-Lobos: 12 Estudos para Violão (Maria Lívia São Marcos) – RGE, 1975.

- Heitor Villa-Lobos: Obra Completa para Violão Solo (Sérgio e Odair Assad) – Kuarup Discos, 1978.

- Villa-Lobos: The Complete Solo Guitar Music (Fábio Zanon) – MusicMasters Classics, 1997.

- Villa-Lobos: Obra Integral para Violão Solo (Paulo Pedrassoli) – UERJ Clássica, 1998.

 

Bibliografia Selecionada:

-AMORIM, Humberto. Heitor Villa-Lobos e o Violão. Rio de Janeiro. Academia Brasileira de Música, 2009.

-PEREIRA, Marco. Heitor Villa-Lobos: sua obra para violão. Brasília: Musimed, 1984.

-SANTOS, Turíbio. Heitor Villa-Lobos e o Violão. Rio de Janeiro: Museu Villa-Lobos, 1975.

-SOARES, Teresinha Rodrigues Prada. Violão de Villa-Lobos a Leo Brouwer, São Paulo: Terceira Margem, 2008.

 

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