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Zé Paulo Becker e Marcos Sacramento se apresentam na Mostra Semente Música Viva neste domingo

Postado em Coluna Alessandro Soares em 04/04/2021

(Zé Paulo Becker e Marcos Sacramento - foto crédito: Edu Monteiro) 

Por Alessandro Soares

A biografia do Bar Semente pode ser dividida em duas partes. A primeira, já escrita, destaca o que rolou por 20 anos no endereço físico no bairro carioca da Lapa. Só falta virar livro. Mas a segunda parte da história começou em 2018, após o bar fechar as portas, e seguir vivo como conceito, habitando vários endereços em shows memoráveis do violonista e compositor Zé Paulo Becker e seus craques amigos. Nos bastidores está a produtora Aline Brufato. Agora o projeto tem mostra virtual. É o Semente Música Viva, que neste domingo (04/04), às 20h30, apresenta Zé Paulo e o cantor Marcos Sacramento, no Youtube de Yamandu Costa.

Personagem central da biografia do Semente, Zé Paulo leva hoje ao palco virtual não apenas a atmosfera do bar na Lapa, quando se apresentava toda segunda-feira, como também o clima das temporadas que montou do “conceito semente” na Blue Note Rio, em 2018, e depois no bar Dumond, na Gávea, a partir de 2019.

No show online deste domingo, Zé e Marcos Sacramento vão fazer afro-sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes, a exemplo de Canto de Xangô, Consolação, Labareda, Tempo de Amor, Canto de Ossanha e Berimbau. Outros temas de Baden e o poetinha (Samba em Prelúdio, Pra Quê Chorar e Tem Dó) e mais Cai Dentro (da safra Baden e Paulo César Pinheiro) também estão na lista. “São temas que eu e o Sacramento já fazemos desde 2013, quando nos apresentamos um festival no CCBB em tributo aos 100 anos de Vinícius”, afirma Zé em depoimento ao Acervo.

E do CD Todo Mundo Quer Amar, que Zé Paulo Becker gravou com Marcos Sacramento – só com melodias de Zé letradas por Paulo César Pinheiro, a dupla vai mostrar A Gente Samba. “É um tema que dialoga com as demais músicas de Baden e Vinícius, por seguir essa onda de falar de amor”.  

Apesar de ter sido gravado, cada um na sua casa para garantir risco zero na pandemia, este show promete muito. “É um show muito amadurecido e bem orgânico. Já fizemos até turnês internacionais e tocamos muito juntos. Então a gravação acaba ficando muito natural”, adianta Zé.

Existem os percalços difíceis de contornar em gravar separado, segundo Zé Paulo, mas encontraram as soluções. “A gente teve de aprender a gravar assim depois da pandemia. Se tem uma coisa de superação no meio dessa tragédia da pandemia é essa maneira de lidar com a tecnologia, de produzir mais arte, cada um na sua casa. E essa mostra do Semente está trazendo isso. Uma produção caseira, mas com grande qualidade”.

Quem perdeu os primeiros shows do Semente Música Viva pode conferir nos links do Youtube. Yamandu estreou na sexta (02/04). E ontem foi o recital de Marcello Gonçalves e Anat Cohen. No próximo fim de semana tem João Donato, Bebê Kramer e Semente Choro Jazz. Aline Brufato e Yamandu assinam a direção artística da mostra.

A motivação de Aline pra seguir adiante com o Semente é feita de parte da história da vida dela com o projeto e da geração de músicos que passaram pelo bar, somado ao prazer de se trabalhar com música independente brasileira. “A gente vai levando. Não sei muito bem que caminho novo se abrirá ou não em meio à pandemia. A única coisa que fiz, e acredito que Yamandu também, é usar a música para abraçar a incerteza”, resume.

A primeira parte da história do Semente foi contada em DVD e documentário pela jornalista e produtora Patrícia terra. Mas de fato, de 2018 pra cá ainda tem muita coisa a ser revelada. É que por onde Zé Paulo e Aline circulam levam o Semente debaixo do braço e armam lindas barracas. E pelo jeito essa segunda parte da história só está começando.

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