(Everton Gloeden)

Por Alessandro Soares

De repente, você entra no bar da esquina e passa por uma mesa rodeada pelo brasileiro Villa-Lobos (1887-1959), o mexicano Manuel Ponce (1882-1948) e o uruguaio Abel Carlevaro (1916-2001). E acompanha os gestos e a intensa conversa dos três camaradas sobre visões de mundo e suas formas de compor prelúdios para violão. É mais fácil de imaginar a cena quando o violonista Everton Gloeden está no palco interpretandoc os três compositores.

Um dos mais brilhantes violonistas clássicos brasileiros, Everton fará o concerto Prelúdios Americanos neste sábado (13/09), às 10h30 da manhã, na Sala do Conservatório na Praça das Artes, no centro de São Paulo. Lá, Everton vai tocar as cinco peças de Carlevaro que dão nome ao evento. E mais o famoso ciclo de Villa e a coleção de pequenas obras (boa parte dela não chega a 40 segundos) dos 24 Prelúdios de Ponce. 

Ao contrário do repertório formado por coletâneas de peças variadas e por diversos compositores, bem usual dos recitais de violão, Everton sempre teve clara preferência por interpretar ciclos integrais. Em alguns dos concertos que realizou em 2024, por exemplo, foram dedicados unicamente a Ponce, incluindo a grandiosa 20 Variaciones y Fuga sobre la Folía de España. Everton gravou esse tema no raro CD solo que lançou em 1995.

Quanto a Carlevaro, com quem Everton estudou desde os antológicos seminários de Porto Alegre nos anos 1970, há um projeto de ir além dos recitais e virar um lançamento audiovisual dos Prelúdios, por meio do Acervo Violão Brasileiro. Já foi publicado no Youtube em março de 2024 o vídeo da peça Campo.

Como informa o pesquisador e biógrafo uruguaio Alfredo Escande, os Prelúdios Americanos foram compostos por Abel Carlevaro entre 1957 e 1963. O primeiro foi “Campo” (que estreou em Montevidéu em dezembro de 1957) e, no ano seguinte, a peça foi dedicada ao primo Héctor Carlevaro. 

Em julho passado deste ano, o projeto foi retomado e Gloeden retornou ao estúdio para concluir o clico de Carlevaro. Com produção executiva do curador do Acervo, Alessandro Soares, essas gravações têm direção musical de Flávia Vasconcelos, engenharia de som e mixagem de Ricardo Marui. E foi realizado no Estúdio Apodi 185, com captação e edição de vídeo de Beto Mendonça. O projeto audiovisual será lançado entre outubro e novembro e vai marcar os 11 anos de aniversário do Acervo