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Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade

Postado em Luthiers e violões em 19/08/2022

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Violão Lírio 7 Cordas

(Violão Lírio 7 Cordas)

Por Fábio Carrilho

Entre os grandes desafios para violonistas que tocam amplificado está a qualidade sonora da captação. Um dos aparatos que tem surpreendido pela sua proximidade ao som acústico é o sistema wooDI, desenvolvido pela empresa Paradis Guitar e que foi o mote para a criação do Lírio, violão eletroacústico inovador criado pelo luthier Gianfranco Fiorin e pelos violonistas Carlos Walter e Aliéksey Vianna, nas versões de 6 e 7 cordas, equipado com eletrônica da Paradis Guitars, desenvolvida pelo engenheiro suiço Matthias Grob.

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O instrumento impressiona pelos seus recursos sonoros, incluindo efeito Polybass, captação polifônica (hexafônica ou heptafônica) e câmara acústica com microfone, assim como seu design, o qual contempla capotraste móvel e extensor com duas casas adicionais na corda mais grave, apoio de perna regulável, ajuste instantâneo de altura de cordas, sem contar o braço removível para transporte em viagens, o que possibilita o instrumento caber dentro de uma pequena mochila. Para quem deseja comprar o instrumento, o prazo de entrega é de quatro a cinco meses. Para preços e formas de pagamento, a consulta é pelo email contact@lirioguitar.com  

Portabilidade, leveza e ergonomia

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Violão Lírio desmontado

(Violão Lírio desmontado)

Reunindo recursos que não se encontram conjuntamente em um único instrumento, o primeiro impacto causado pelo Lírio é o visual pelo seu design que combina portabilidade sem abrir mão da leveza e da ergonomia. Sobre as madeiras utilizadas, "de verdade", tem corpo em cedro e marupá; cavalete, escala, paleta e trilho da regulagem de apoio de perna em pau ferro e braço de cedro. Os trastes são de níquel cromo e a pestana de osso.

Sobre o primeiro aspecto, segue a linha de modelos desmontáveis que podem ser levados como bagagem de mão, fato positivo frente ao descaso recorrente das companhias de transporte em relação aos instrumentos despachados. "O desenho foi criado a partir das necessidades. Foi feito para que coubesse em uma mochila nas dimensões da bagagem de mão para viagens, transformando-a em um semicase, quando montado. O desenho da cabeça é no tamanho mínimo para que seja possível ajustar todas as tarraxas e para que a extensão delas fique dentro desta medida", diz o luthier.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Aliéksey Vianna com o Lírio na mochila  Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Aliéksey Vianna com o Lírio na mochila

(Aliéksey Vianna com o Lírio na mochila)

Segundo Fiorini, é um violão leve e com características ergonômicas que o aproximam da sensação de se estar tocando um instrumento acústico: o Lírio com 6 cordas pesa 2,2 kg e o Lírio com 7 cordas pesa 2,7 kg. "Foi desenvolvido para se parecer com um violão acústico. Diferentemente de outros modelos flat maciços, que são finos para serem menos pesados, ele tem a mesma largura de um violão comum, porém com o peso reduzido", diz o luthier. Outro destaque ergonômico é o apoio de perna embutido ajustável. "Como o violão tinha que ter uma rampa no lado inferior, o apoio de perna foi definido a partir dela. Pode ser regulado em três posições, servindo a violonistas que apoiam na perna direita ou na perna esquerda, dispensando inclusive o uso do banquinho para o pé", comenta.

Fecham este design inovador o ajuste instantâneo de ação (altura) das cordas, o qual é feito por meio de um parafuso na parte traseira, assim como o capotraste móvel para a sexta corda, possibilitando afiná-la em Mi, Mi bemol e Ré. "São recursos exclusivos e super práticos reunidos no mesmo instrumento. Sobre a  regulagem de altura, já tinha um projeto anterior para contrabaixo acústico e fiz ajustes pequenos", revela.

Som amplificado próximo ao natural

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Matthias Grob, Carlos Walter, Aliéksey Vianna e Gianfranco Fiorini

(Matthias Grob, Carlos Walter, Aliéksey Vianna e Gianfranco Fiorini)

Projetado para contextos amplificados, a parte elétrica não fica para trás em termos de recursos e efeitos sonoros. O sistema eletrônico desenvolvido por Matthias Grob na Paradis Guitars contém captação hexafônica ou heptafônica, composta por seis ou sete captadores piezos individuais (um captador para cada corda); microfone interno com notch filter; efeitos wooDI e Polybass; duas saídas p10 que possibilitam a mixagem entre os sinais e saída GK de 13 pinos na qual pode ser conectado um sintetizador ou um breakout box para gravar separadamente cada corda num canal.

"O primeiro grande atrativo para mim, que foi a fagulha que deu origem a toda essa história, foi o wooDI, que pega o som do piezo porém é menos agressivo nos médios-agudos. proporcionando um som mais amaciado", afirma o violonista Aliéksey Vianna, um dos idealizadores do Lírio. Assim como nos violões Paradis, o wooDI, misto de pré-amplificador externo com Direct Box, vem embutido no instrumento. "É difícil de explicar, mas quem toca imediatamente sente a diferença sonora", celebra Vianna.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Detalhes da mão do Lírio

(Detalhes da mão do Lírio)

Outro diferencial é a câmara acústica com microfone interno. "O microfone interno capta as frequências acústicas muito bem. Dá, inclusive, para usá-lo somente com o microfone, porque suprime a microfonia em um nível muito bom", comenta Fiorini. A ideia de sempre aproximá-lo da sensação de um violão acústico também vale para o som amplificado. "Na minha opinião, a câmara acústica e o microfone interno produzem um som muito mais bonito do que o de outros instrumentos tipo 'silent guitar' ou mesmo Godin. O Gian acertou na maneira como o microfone se encaixa lá dentro e em como este som é mesclado com o sinal dos captadores", diz Vianna.

Por falar em captação, o Lírio impressiona pela tecnologia de captadores independentes para cada corda. "A opção hexafônica permite processar uma corda de cada vez, podendo servir a quem trabalha com MIDI ou usa o Polybass", diz Vianna, que faz questão de salientar que a terminologia correta para esse tipo de captação é hexafônica ao invés de MIDI. "Sendo assim o Lírio tem uma saída de 13 pinos que é polifônica (hexafônica na versão com 6 cordas e heptafônica na versão com 7 cordas) que separa o sinal produzido por cada corda em um canal de áudio analógico. O que torna isso MIDI são os conversores externos, que pegam os sinais de áudio separados de cada corda e fazem a conversão", explica, ressaltando a existência de efeitos que só funcionam com esse tipo de captação. "Acho que isso é o futuro do violão, sinceramente", vislumbra o músico.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade

Um desses efeitos é o Polybass, oitavador voltado para quem toca solo ou acompanha instrumentos melódicos e deseja um reforço nos graves. O dispositivo produz uma nota uma oitava abaixo da que estiver sendo processada, com a diferença que funciona de modo seletivo, escolhendo a corda mais grave que estiver sendo tocada no momento. "Nessa versão do Lírio com 6 cordas, o Polybass pode ser ativado nas cordas 4, 5 e 6. E na versão padrão do Lírio com 7 cordas, o Polybass pode ser ativado nas cordas 5, 6 e 7. Seja lá em qual corda que esteja sendo produzida a nota mais grave, ele oitavará só aquela nota", explica Vianna.

Segundo seus criadores, apesar de o Lírio nunca ter tido a pretensão de ser um instrumento acústico, visando sua utilização em contextos amplificados ou produções de estúdio, o violão possui boa condição acústica de modo desligado, sendo útil para se ensaiar, por exemplo, em casa à noite.

(Vídeo demonstrando as particularidades do Lírio)

Lenine

Um dos usuários do Lírio de maior projeção no meio artístico nacional tem sido o cantor e compositor Lenine, o qual, segundo Fiorini, apaixonou-se pelo instrumento logo de cara. "Sabendo do potencial do violão, levei-o ao Rio para alguns músicos experimentarem. Combinei com a produtora, falei que o instrumento era a cara do Lenine", conta o luthier, ressaltando que o instrumento é super fácil de gravar, pois o som já chega bem trabalhado na mesa, somado ao fato de ser versátil para palcos.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Lenine tocando no violão Lírio no Festival Medio y Medio, no Uruguai -  crédito Jero Lopez

(Lenine tocando no violão Lírio no Festival Medio y Medio, no Uruguai -  crédito Jero Lopez)

"No dia que marquei com ele, levei o violão, montei e, na hora, ele achou incrível. Estava procurando um violão que tivesse essas características e quis comprar. Só não ficou com o violão que levei porque já tinha dono", diverte-se Fiorini, acrescentado que o show novo de Lenine, "Rizoma", tem sido todo feito com este violão. "Depois ele me escreveu e disse que gostava do fato de poder andar no palco com ele pois não tinha problema de microfonia. Foi amor à primeira vista", comemora o luthier.

"Aliéksey Vianna experimentou em 2016 o wooDI, que é um periférico com pré-amplificador externo e Direct Box produzido pela Paradis Guitar, empresa pela qual o engenheiro de som suiço Matthias Grob era sócio juntamente ao falecido luthier Rolf Spuler", recorda o violonista Carlos Walter sobre os primeiros contatos com este dispositivo que torna o som do piezo mais agradável. "Ele compartilhou essa descoberta comigo e com o violonista e guitarrista Juarez Moreira. Acabei adquirindo o wooDI e a partir daí fomos estreitando conversas com o Matthias Grob, que fala muito bem português e vem ao Brasil há anos", revela.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Parte traseira do Lírio

(Parte traseira do Lírio)

Segundo Walter, Grob tinha a intenção em seguir produzindo os instrumentos da Paradis Guitars, os quais são utilizados por artistas como o compositor italiano Pino Daniele, porém foram descontinuados em 2014 com o falecimento de Rolf Spuler. "Grob disse que gostaria de produzi-los aqui no Brasil. Comentei com o Aliéksey Vianna e ele prontamente indicou o Gianfranco Fiorini, talentoso luthier de Belo Horizonte premiado na construção de contrabaixos", diz sobre o início do projeto. Fiorini acabou produzindo um novo instrumento seguindo suas recomendações e a de Vianna, culminando com o lançamento do Lírio em 2021.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Carlos Walter na Gravadora Experimental da FATEC de Tatuí, SP

(Carlos Walter na Gravadora Experimental da FATEC de Tatuí, SP)

A partir do momento que fechamos entre nós todas as necessidades, comecei a trabalhar em cima delas. Nunca tinha conseguido um engenheiro de áudio como o Matthias Grob. Foi um casamento superlegal porque havia várias ideias que precisavam de uma pessoa com o nível dele", diz Fiorini. Segundo o luthier, foi uma parceria muito efetiva e a experiência de cada um foi colocada em jogo. "Foi feito um protótipo, que foi reconstruído algumas vezes até chegar no definitivo. Aliéksey levou o instrumento para a Suíça, onde mora atualmente. Sempre ficamos todos em contato, fazendo ponderações", revela.

Violão Lírio é inovador pelo design, portabilidade e recursos sonoros de alta qualidade - Foto: Alieksey Vianna tocando no prototipo do Violão Lírio, no Tabuleiro Jazz Festival, em 2019

(Alieksey Vianna tocando no protótipo do Violão Lírio, no Tabuleiro Jazz Festival, em 2019)

Serviço

http://www.lirioguitar.com/

Violão Lírio

Especificações:

- Corpo de cedro e marupá.

- Cavalete, escala, paleta e trilho da regulagem de apoio de perna em pau ferro.

- Braço de cedro.

- Trastes de cromo níquel.

- Tarraxas rolamentadas.

- Extensor com 2 casas adicionais e Capotraste móvel para afinar sexta corda em Mi, Mi bemol ou Ré e a sétima corda em Dó, Si ou Si bemol ou Si, Si bemol ou Lá, por exemplo.

- Pestana de osso.

- Braço removível com dimensões calculadas com base em medidas padronizadas para bagagens de mão em viagens aéreas.

- Mochila para acondicioná-lo desmontado, contendo compartimentos para roupas e objetos. Transforma-se em bag ao transportar o instrumento montado.

- Parafuso de desmontagem e regulagem instantânea de altura das cordas.

- Apoio de perna regulável em 3 alturas.

- Eletrônica desenvolvida pela Paradis Guitars com captação polifônica (6 ou 7 captadores individuais de piezo), efeitos WooDi e Polybass, potenciômetros, saídas p10 e gk 13 pinos, microfone interno com notch filter.

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