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O violão criativo de Gilberto Gi e a música Expresso 2222 são tema de minidocs e lives  

Postado em Lançamentos em 11/12/2021

Por Inês Carreira

Encerrando o ciclo de 4 minidocs GILBERTO GIL 73 USP, neste sábado (11/12), às 17h, estreia a segunda parte do tema Expresso 2222, dirigido pelo violonista e pesquisador Almir Côrtes. Em seguida, às 17h25 acontece um bate papo online ao vivo com Almir e mais o cantor e compositor Péricles Cavalcanti e o sociólogo e poeta Paulo Marcondes, sob mediação do produtor Alessandro Soares. Os dois eventos ocorrem no YOUTUBE E FACEBOOK do Acervo Violão Brasileiro e de Almir Cortes. O violão criativo de Gil, suas melodias, letras e interpretações, o forró, o samba e a chula, a música do compositor, cantor e violonista Roberto Mendes e de Péricles Cavcalcanti são alguns dos temas em debate. O projeto tem apoio do Acervo Violão Brasileiro.

 

O tema do documentário - a canção Expresso 2222 de Gilberto Gil - tem como marco referencial o show que o cantor e compositor baiano fez em 1973, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), durante o período da ditadura militar no Brasil e logo após a volta do artista de seu exílio em Londres.

O ciclo de minidocs e lives derivam do projeto de pesquisa Gilberto Gil ao vivo na USP, 1973 – Voz e violão em contexto, realizado por Almir e seus alunos das turmas de Análise de Música Popular 3. O trabalho tem apoio do Instituto Villa-Lobos da UNIRIO e do Acervo Violão Brasileiro.

Na primeira parte do minidoc, exibida em novembro passado, Almir Côrtes se debruçou em explorar a técnica inovadora de Gil na canção Expresso 2222, no contexto artístico e intelectual da época - uma alternância entre polegar e indicador, com um rasgueado que remete ao "resfolego" da sanfona de Luiz Gonzaga, aos ritmos tradicionais de um Brasil profundo e também de países da África oriental, mas que trazia, ao mesmo tempo, traços da musicalidade vanguardista da década de 70 no país, o que evidencia a intimidade do artista com uma atmosfera de contracultura. 

Na parte II, que será exibida neste sábado (11/12), o professor e pesquisador propõe agora pensar e discutir mais a fundo as conexões que essa técnica tem com a cabula e a chula, ritmos tradicionais do Recôncavo Baiano - mais especificamente de Santo Amaro da Purificação, que tem seu principal expoente no compositor e violonista Roberto Mendes -, além de suas ligações ao rock e de explorar também a parte B e o interlúdio da canção.

(Almir Côrtes)

Expresso 2222 é um tema que abriu caminhos para uma nova linguagem na maneira de se tocar forró, coco e samba de roda. Nomes como Guinga, Paulo Bellinati e Marco Pereira utilizaram recursos semelhantes. Para o produtor Alessandro Soares, essa abordagem é importante de ser analisada e difundida pelo Acervo Violão Brasileiro. “O Acervo dedica-se não apenas à difusão da música instrumental, dentro de suas variadas vertentes, como também à execução criativa de cancionistas do instrumento, como João Bosco, Dori Caymmi, Lenine, Milton Nascimento e o próprio Gil”, afirma.

A exibição da parte II do Minidoc Gilberto Gil 73 - Expresso 2222 completa um ciclo de quatro minidocs exibidos este ano, todos parte da pesquisa “Gilberto Gil ao vivo na USP, 1973 – Voz e violão em contexto", de Almir Côrtes e seus alunos do Instituto Villa-Lobos da UNIRIO, para explorar o violão criativo do artista baiano. Os primeiros dois documentários, exibidos em junho e julho, foram dedicados à canção “Ladeira da Preguiça”, samba recém feito por Gil à época, que aborda de maneira bem-humorada a simbólica “preguiça baiana”.

(Gilberto Gil e Péricles Cavalcanti)

Em cerca de 3 horas de show, Gilberto Gil apresentou um repertório na época que integrava elementos do samba, da bossa nova, do baião, xote, ijexá, passando pelo rock britânico e pelo blues e jazz norte-americanos. O evento, organizado pelo Movimento Estudantil, como ato de resistência à repressão do regime militar daquele período, originou uma performance inédita do artista, recém-chegado do exílio, com músicas do então último disco, Expresso 2222, de 1972, entre outras ainda desconhecidas. A performance revelou como o baiano articulava, com maestria, canto e acompanhamento no violão, através de uma apropriação ímpar de elementos nacionais e internacionais, bem como sua relação com o mercado fonográfico e a indústria cultural da época.

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