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A técnica violonística em expansão - revisão histórica e uma proposta de categorização

A técnica violonística em expansão - revisão histórica e uma proposta de categorização

2020

RESUMO: Fruto das reflexões geradas por problemas na preparação da performance da peça "Rua das Pedras", de Paulo Rios Filho, este trabalho propõe uma reflexão ampla sobre o desenvolvimento da técnica violonística do século XIX até os dias de hoje. Abordamos os problemas relativos ao conceito de técnica expandida (ou estendida), examinando, em seguida, as implicações para o violão. Nossa hipótese é de que a falta de lógica no uso desse conceito, no caso do violão, está ligada a um preconceito estilístico, resultando na preferência por convenções da música tonal na pedagogia do instrumento. Tratamos, também, da falta de sincronia entre a pedagogia do violão e as transformações da composição durante o século XX. Evidenciamos ainda a defasagem do violão em relação a instrumentos de prestígio na música de concerto quanto à aceitação nesse “mundo da arte” particular. A falta de definição consistente e exemplificada de “técnica tradicional” na literatura violonística nos motivou a construir um entendimento mais claro desse conceito.

Para isso, propusemo-nos a discutir e analisar a evolução da técnica violonística ao longo do período de consolidação do instrumento no mundo da música de concerto, do início do século XIX até a primeira metade do século XX. Nosso foco inicial foram as principais divergências em pontos centrais da técnica violonística no século XIX, que entendemos serem: as restrições ao uso do dedo anelar, o toque com ou sem unhas, o modo de segurar o violão e o posicionamento da mão esquerda. Para isso, analisamos os principais métodos para violão do século XIX. Devido à qualidade e ao volume de conteúdo, utilizamos como fonte principal de informação os métodos de Sor e Aguado.

Seguindo essa lógica, analisamos, também, os avanços técnicos e pedagógicos atribuídos ao movimento violonístico que ficou conhecido como “Escola de Tárrega”. Finalizamos a discussão sobre o desenvolvimento da técnica “tradicional” do violão apontando importantes contribuições de Andrés Segóvia para o desenvolvimento do instrumento. Após as reflexões realizadas nos cinco primeiros capítulos, propomos, no capítulo 6, as bases para a compreensão e a análise da técnica violonística em diálogo com a contemporaneidade. Sob essa ótica, são sugeridas cinco categorias que englobam as diferentes formas pelas quais podemos entender mais claramente a transformação da técnica violonística ao longo do tempo e em diferentes “mundos da arte” (BECKER, 2010).

Finalizamos este trabalho descrevendo o preparo da performance de Rua das Pedras, obra para violão solo de Paulo Rios Filho, com atenção ao uso de técnicas não convencionais. Discorremos sobre as dificuldades na realização de passagens específicas e fornecemos sugestões de estudo para a performance.

Título: A técnica violonística em expansão: revisão histórica e uma proposta de categorização
Autor: Cristiano Braga de Oliveira
Orientador: Flavio Terrigno Barbeitas
Tese de doutorado
UFMG, 2020

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