DESCRIÇÃO DO LIVRO
Um dos principais artistas brasileiros das primeiras décadas do século 20, João Teixeira Guimarães (1883-1947), o João Pernambuco, ficou esquecido por um bom tempo. Mas do final dos anos 1970 para cá, é personagem cada vez mais redescoberto.
E agora a editora Legato (do grande Ivan Paschoito) conclui mais uma publicação essencial e louvável. “João Pernambuco – clássicas e inéditas”, é formado de 12 partituras, 9 das quais inéditas. E com um primor de pesquisa e texto de Jorge Mello, o prefácio preciso de Flávia Prando e a cuidadosa curadoria musical de Celso Faria.
Várias mãos assinam as transcrições, revisões, dedilhados, versão e arranjo: Celso Faria, Flávia Prando, Italo Peron, Edmar Fenício, Ivan Paschoito, Flávio Gondin, Rubens Cubeiro Rodrigues e Nelson Cruz.
O Acervo Violão Brasileiro orgulhosamente apresenta mais esta empreitada, como apoiador cultural. E estamos na pré-venda desse valioso livro, com exclusividade. A tiragem é limitada e ficará pronta em setembro. Mas você já pode encomendá-lo e garantir seu exemplar a partir de hoje.
PARTITURAS
1. Lamentos
Polca. Escrita por Arthur Passos, revisão e dedilhado de Celso Faria
2. Pensando em Augustinha
Valsa. Transcrição da gravação original de Italo Peron
3. Polca de bravura
Escrita por Arthur Passos, revisão e dedilhado de Celso Faria
4. Sempre-viva
Valsa. Escrita por Arthur Passos, revisão e dedilhado de Flavia Prando
5. Sonhando na rede
Choro. Manuscrito anônimo, revisão e dedilhado de Celso Faria
6. Sons de carrilhões
Choro. Versão de Dilermando Reis, transcrição de Ivan Paschoito
7. Valsa em Lá nº 2
Manuscrito anônimo, revisão e dedilhado de Celso Faria
8. Brasileirinho
Estudo. Revisão e dedilhado de Celso Faria
9. Sertanejo
Batuque. Transcrição da gravação original de Celso Faria
10. Valsa em Lá nº 1
Escrita por Edmar Fenício e Nelson Cruz. Revisão e dedilhado de Celso Faria
11. Estrada do sertão
Toada. Arranjo de Flávio Gondin
12. Interrogando
Jongo. Versão de Dilermando Reis, transcrição de Rubinho
“João Pernambuco é um desses nomes que parecem conter, por si só, a geografia de um país. Seu violão ressoa os sertões profundos e as praças e salões das capitais em crescimento — lugares onde o popular e o erudito se encontram sem cerimônias. Entre batuques, valsas, choros, toadas e polcas, ele teceu uma sonoridade que é, ao mesmo tempo, raiz e horizonte: ancorada na tradição e aberta a novas possibilidades de invenção e interpretação.
Nesta publicação, uma seleção de doze obras traça um retrato vibrante do artista que contribuiu para a construção da identidade do violão brasileiro. Ao lado de composições icônicas como Sons de Carrilhões e Interrogando, aqui nos arranjos de Dilermando Reis, o volume revela peças inéditas ou versões pouco conhecidas de obras como Brasileirinho — agora com uma terceira parte, raramente ouvida — o choro Sonhando na rede, a rara valsa Pensando em Augustinha, transcrita por Italo Peron, as polcas Lamentos e Polca de bravura, a toada Estrada do sertão, o batuque Sertanejo, duas valsas em lá maior e a valsa Sempre-viva.
Graças ao trabalho primoroso do editor Ivan Paschoito e à revisão cuidadosa das partituras por Celso Faria — que também realizou a transcrição direta da peça Sertanejo a partir do disco —, essas obras chegam até nós com frescor e autenticidade, renovando nosso olhar sobre a obra de João Pernambuco.
Merece destaque, ainda, o pesquisador Jorge Mello, cuja contribuição para o entendimento da história do violão brasileiro, e, em especial aqui, de João Pernambuco, é incontornável.
Em Sonhando na rede, há indícios de uma provável parceria com o violonista e compositor carioca, além de médico psiquiatra, Othon Salleiro, segundo relatos de Nélio Aguiar e Nicanor Teixeira. A peça guarda, assim, uma aura quase mítica — sinal de possíveis afinidades entre caminhos musicais e percursos pessoais distintos.
João Pernambuco transitou com naturalidade entre práticas de transmissão oral e uma tradição escrita que começava a se afirmar no início do século XX. Suas obras, antes guardadas em cadernos manuscritos e na memória de músicos contemporâneos, começaram a circular, e logo se tornaram ponto de encontro onde se cruzam gerações e territórios. Esse movimento, porém, não ocorreu sem tensões: o violão, ainda associado a serenatas e rodas boêmias, buscava conquistar novos espaços de reconhecimento.”
Trecho do Prefácio de Flavia Prando
SOBRE JORGE MELLO
Jorge Mello é físico (Bacharel e Mestre pela UFRJ) e atuou como professor da UFRJ de 1986 a 2016. Nessa instituição coordenou vários projetos culturais nos primeiros anos da década de 1990, dando também início ao projeto Violão Brasileiro. Apaixonado por esse tema, foi consultor do site Acervo Digital do Violão Brasileiro, onde escreveu diversos verbetes. Ministrou o curso Os Pioneiros do Violão Brasileiro no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP, em março de 2018.
SOBRE CELSO FARIA
Celso Faria é o violonista, especialista em Práticas Interpretativas (UEMG) e mestre em Performance Musical (UFMG). Possui destacada atuação como recitalista de violão solo, em diversificadas formações camerísticas ou ainda como solista orquestral. Tem mais de 180 obras, originais ou arranjadas, dedicadas a ele. Gravou sete CDs e diversos programas para rádio, televisão e internet, foi responsável por várias primeiras audições. Revisou e dedilhou o volume José Augusto de Freitas: dez obras originais para violão, publicado pela editora.
SOBRE FLAVIA PRANDO
Iniciou seus estudos no curso de violões da prefeitura de Santos, criado por Antonio Manzione, onde atuou na Camerata de Violões Heitor Villa-Lobos (1984-1989) e lecionou no projeto (1997-1999). Trabalhou no Projeto Guri, inicialmente como professora e, posteriormente como técnica de cordas dedilhadas (2001-2010).
É doutora e mestre em Música pela ECA-USP), sob orientação de Flavia Camargo Toni e Edelton Gloeden, respectivamente, e bacharel em Música pelo IA-UNESP, com habilitação em instrumento, violão, sob orientação de Giacomo Bartoloni.
É Pesquisadora em Ciências Sociais e Humanas do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc/SP. Sua pesquisa de doutorado, “O mundo do violão em São Paulo: processos de consolidação do circuito do instrumento na cidade (1890-1932)”, recebeu a primeira menção honrosa no Prêmio Silvio Romero 2021 (IPHAN) e deu origem a quatro álbuns de partituras “Violões na Velha São Paulo”, com edição de Ivan Paschoito (LEGATO EDITORA, 2022) e ao capítulo “Violão paulistano: repertório e práticas do início do século XX”, publicado no livro “Cidade Dis(sonante): culturas sonoras em São Paulo (séculos XIX e XX)”, com organização de José Geraldo Vinci de Moraes (INTERMEIOS, 2022); ao programa no Sesc TV (2023), Os pioneiros, dentro do Movimento Violão e ao album Violões na Velha São Paulo, volume 1 (2024), com 13 obras de 10 compositores. Atua também como regente convidada da Camerata Infanto-Juvenil do Projeto Guri Santa Marcelina.
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